segunda-feira, 12 de agosto de 2019

A Abominável Noite De São Bartolomeu


A própria Igreja Católica foi a culpada da cisão entre católicos e protestantes huguenotes. 
Em momento algum, Lutero, o reformista protestante, pensou em se separar dela, o que ele queria era reformar as práticas reprováveis e pecaminosas que estavam levando a instituição eclesiástica à zombaria de muitos. 
Por ser demasiadamente arrogante, a Igreja não lhe deu atenção e deste modo, a separação foi inevitável, ou seja, de um lado, católicos e do outro, protestantes. Caso contrário, o mundo estaria bem melhor hoje, disso não tenho a menor dúvida.
Pois bem, mesmo assim, os ditos protestantes não queriam se separar, mas a fatídica noite de São Bartolomeu, 23/24 de agosto de 1572, além de manchar a História da França, acabou de vez com esta esperança de união. 
Esta noite foi um verdadeiro massacre aos huguenotes, a mando dos reis católicos franceses. Tudo fora combinado dias antes, sob a autoridade da rainha Catarina de Médici.
Nesta época havia um líder huguenote, chamado Coligny, odiado pelos católicos. Por isso mesmo, na noite, de 23/24 de agosto de 1572, de São Bartolomeu, ele foi pego de surpresa em sua casa e morto de forma cruel.
Conta a História, Coligny acordou com um barulho de bacamarte, pulou da cama, vestiu o roupão e fez algumas orações. Em seguida, ouviu a voz de Cosseins, Abra a porta em nome do Rei! Sem nenhum medo, mandou Labonne, que estava com a chave, abrir a dita cuja. Deste modo, Labonne foi morto pela adaga de um dos homens armados de couraças, que entraram de forma violenta no seu quarto, e, um deles, chamado Besme, lhe perguntou, Você é Coligny? Sem nenhum medo, respondeu, Sim sou eu! E, enquanto respondia, Besme lhe deu um golpe de espada tão forte, que o seu rosto ficou desfigurado. Assim que ele tombou morto, os sinos da igreja de Saint German-l'Auxrroir ressoaram. 
Esperando por este sinal, os parisienses católicos se atiraram sobre os protestantes huguenotes, matando homens, mulheres e crianças. Famílias inteiras foram arrastadas de suas casas para as ruas, onde eram mortas por espadas, lanças, porretes, bacamartes, enfim, com o que o algoz tivesse nas mãos e sem a menor piedade. Quanto mais matavam, mais os sinos das igrejas católicas badalavam. Foi uma noite de inexplicável terror. 
O cadáver nu de Coligny foi jogado do terceiro andar de uma das casas. A cena era dantesca, com mulheres tentando proteger seus filhos em vão. 
No dia seguinte, Paris estava coalhada de cadáveres. E, para se livrar dos restos mortais dos huguenotes, o povo ajudou os soldados a jogá-los no rio, que por sua vez, ficou totalmente contaminado.
Devido a este deplorável acontecimento, nas mentes protestantes, o Catolicismo ficou como uma religião sanguinária e traiçoeira.
Pois é, como se não bastasse, com a cabeça cortada de Coligny, o Papa Gregório XIII enviou ao rei francês a condecoração, a Rosa de Ouro. Além disso, o papa encomendou um Te Deum (A te Deus) para ser cantado em ação de graças e, também, uma medalha foi cunhada, mostrando um anjo com uma cruz e uma espada, acima dos cadáveres semi-nus dos protestantes huguenotes. [saber salva]

Nota, Um bacamarte (do francês braquemart) é uma arma de fogo de cano curto e largo, parecendo uma garrucha alongada, alargada na boca e reforçada na coronha.


Anibal Werneckfreitas, 12/08/2019.

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