domingo, 15 de julho de 2012

BARUCH SPINOZA / OS TRÊS PLANOS

O homem embriagado de Deus [Novalis].
Em cada canto deste Universo está Deus, estamos dentro dele e ele dentro de nós, somos partes dele e ele parte de nós, o mundo é o seu lado palpável, podemos tocar Deus, por sua vez, nos tocar também [Anibal].
Deus  é a lama do Universo e o Mundo o seu corpo [Spinoza].
Deus, sublime canção [Mahabharata].

*O percurso spinozista de comprovação da substância como única, infinita, causa sui, eterna e composta de infinitos atributos [ou seja, Deus] inicia-se com a consideração do pluralismo  substancial, isto é, Spinoza aceita como hipótese provável a existência de duas ou mais substâncias, deste pluralismo, sua análise evolui até o monismo substancial pela própria necessidade das premissas anteriormente postas pelo sistema spinozista. Deste monismo substancial, Spinoza evolui até o MONISMO ABSOLUTO, ou seja, a existência de uma única substância na natureza [monismo], Spinoza conclui que ela é a única substância que existe, em outras palavras: a NATUREZA, monismo absoluto, ou seja, a afirmação da unidade e da infinitude da NATUREZA faz com que Spinoza a indentifique com DEUS [...], aquele ente eterno e infinito a que chamamos Deus ou Natureza [...]
*Introdução do livro ÈTICA, a Essência de Deus.
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Spinoza foi realmente um filósofo que mais se aproximou de Deus, era um cara que tomava verdadeiros porres de Deus, pois bem, acredito que o meu Deus, ao qual acho melhor chamar de Fundamento, ou seja, a origem de tudo, seja o plano 1, inatingível para a nossa compreensão, talvez a Natureza, plano 2 possa entendê-lo melhor pois faz fronteira com ele [o imponderável], portanto, nós do plano 3 temos acesso apenas ao 2, donde concluímos cientificamente muita coisa através das experiências. Eu tenho para mim que Spinoza misturava os três num só, seria o monismo, embora eu refute esta ideia porque cada coisa é cada coisa, como já falei, Deus pra mim é algo que não sei como explicar, é um plano inatingível por nós seres humanos, quando entramos neste plano superior só sabemos especular, todavia, respeito muito Spinoza e acho que ele tem razão em muita coisa, ele acreditava num Deus imanente, que está em tudo. O problema é que eu coloco cada coisa no seu devido lugar, a não é b, assim como b não é c e nem c é a ou b. portanto, os três planos existem: o plano [Fundamento] de onde surgiu  tudo que existe [Natureza] e em separado o terceiro plano [Homem] oriundo da evolução do segundo.

Anibal Werneck de Freitas.

6 comentários:

  1. Caro amigo Aníbal:
    Como sempre, é bom poder lê-lo... melhor ainda, no meu ponto de vista, quando o assunto passa por Spinoza.
    Gostei da sua "divisão" da realidade em Fundamento, Natureza e Homem. Proporia, entretanto, algumas questões.
    A primeira diz respeito à clara "participação" - deixemos este termo, propositalmente, vago - do homem na Natureza. E se o homem dela participa, já que é mais um ser natural, não haveria, em alguma medida, pelo menos, uma participação também no Fundamento?
    Se a resposta é "Sim", então, em que medida é possível estratificar a realidade tão marcadamente em três camadas?
    Você coloca a impossibilidade de alcance do Fundamento pelo Homem. Concordo... em certa medida. Mas quem disse que esse alcance tem que ser pela via racional? Pode ser que haja outra via de acesso. Aliás, é isso o que propõem as escolas iniciáticas de um modo geral.
    Quando eu ainda era budista, li, num livro de Thich Nhat Hanh, uma imagem que carrego comigo, e que utilizo na minha visão spinozana.
    A imagem é a seguinte: no mar, a onda é onda, sem deixar de ser mar.
    O que faz da onda, uma onda específica? Certamente são suas características de altura, extensão, forma, etc. Mas, ainda que podendo ser caracterizada por esses dados, ela, ao mesmo tempo, ainda é mar - que também tem características que lhe são próprias, como saliniddade, temperatura, etc.
    Ou seja, a onda é apenas uma modificação do mar, que é imanente a ela, sem que ela se aparte da sua aparente individualidade.
    Acho que assim é a Natureza, e, com ela, nós. Ou seja, "somos" nós, Homens, sem deixarmos de ser Fundamento.
    Abração.

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  2. Meu Caro Ricardo,
    A separação talvez seja pelo fato de que Spinoza fala da Natureza Divina sendo uma substância diferente da nossa, ou seja, ela está em nós e nós não estamos nela, a Natureza dele é infinita enquanto que a nossa é finita, mas foi bom que desta forma eu aprendi o meu equívoco e desta forma entendi que Deus é, digamos, o mar e nós, as ondas, ou seja, somos também o mar.
    É um prazer ter um comentarista no meu blog como você que tem um conhecimento Spinozista de primeira, sendo assim, gostaria de lhe fazer a pergunta, por que a arte é a única atividade humana que lhe favorece uma liberdade total? Segundo Bento, o homem não é livre por natureza, mas na arte ele se liberta, gostaria muito de uma explicação a respeito.
    Um abraço.

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    1. Caro amigo Aníbal:
      Acho que agora você "pegou o espírito da coisa". Se Deus é o mar e nós as ondas, sendo também o mar, não há exatamente uma diferença de natureza entre nós e Deus. O que haveria, portanto, poderíamos dizer assim, não seria uma diferença qualitativa, mas quantitativa. Como bem insiste Spinoza, há uma diferença do grau de perfeição, e, com isso, uma diferença de potência de agir.
      Sobre esse aspecto que você citou da arte, em Spinoza, vou confessar minha completa ignorância. Até onde conheço a doutrina spinozana, não há essa valorização da arte como elemento de favorecimento à liberdade total.
      Na verdade, nem há liberdade total para o homem, justamente pela sua condição de finitude diante do resto da Natureza. O "homem livre" de Spinoza é uma espécie de "modelo de natureza humana" para as nossas ações. Mesmo assim, Spinoza reconhece que não podemos agir sempre como o tal modelo. Quer um exemplo da própria vida de Spinoza? Quando os irmãos De Witt foram massacrados, em 1672, o nosso tranquilo holandês quis ir às ruas com um cartaz, de sua autoria, no qual constava a inscrição "Ultimi barbarorum" (algo como "Últimos dos bárbaros"), para mostrar sua indignação com o povo que assassinara covardemente os dois irmãos, por questões políticas... e, segundo Spinoza, por conta de uma avaliação errônea. Entretanto, a Ética nos diz, Parte III, definições dos afetos 20, que "a indignação é o ódio por alguém que fez mal a um outro". Se é "ódio", é tristeza, ou seja, enfraquece nossa potência de agir, e, com isso, afasta nossa liberdade. A justiça, portanto, nunca pode envolver ódio pelo acusado, visto que há sempre que se reconhecer a necessária falta de liberdade de quem age mal.
      Mas, voltando à arte. Acho que você pode estar enganado quanto à referência ao nosso querido holandês. Os dois filósofos que tenho certeza darem essa dimensão de libertação à estética seriam Schopenhauer e principalmente Nietzsche.
      Pessoalmente, só conheço um artigo que relaciona Spinoza à Estética, que é de um italiano. De qualquer forma, se você tiver alguma referência, eu gostaria muito de conhecer.
      Grande abraço.

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  3. Meu prezado Ricardo,
    foi num vídeo de um professor de Filosofia, cujo nome não me lembro, em que ele diz que a arte é a única oportunidade de liberdade do homem, onde ele extrapola todos os vínculos que o prendem à natureza, na arte o homem cria o não criado, o mesmo não acontece com a ciência porque nela o homem apenas descobre o que já existe e por aí vai, vou ver se acho o vídeo deste professor ou então alguma anotação que fiz a respeito, mas desde já, acredito que eu posso estar equivocado, todavia, a lembrança do professor falando tal coisa me é muito nítida.
    Um abraço.

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    1. Querido amigo Aníbal:
      Como eu disse, a ideia não é estranha. Você está certo em lembrar de alguém falando isso sobre a arte. Aliás, conforme eu registrei, Nietzsche é um grande entusiasta da ideia. Eu mesmo, intuitivamente - e você, certamente muito mais, por ser artista -, percebo que a arte tem uma "dimensão" que não é compartilhada por saber algum. Diante de algumas expressões artísticas, não há como evitar uma espécie de êxtase, um tipo de realidade diferente dessa a que nos acostumamos. Até aqui, tudo bem.
      A única coisa que eu registrei como ressalva foi associar essa ideia a Spinoza. De qualquer forma, seguramente não sei tudo sobre Spinoza. Esse pode ser justamente um aspecto que desconheço.
      Grande abraço,
      Ricardo.

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  4. É meu caro Ricardo,
    a arte realmente vai além de qualquer coisa, podemos arriscar que ela é a estética da ética que é o subsolo da metafísica, porque segundo Lavinas, a ética é o piso abaixo da metafísica e a arte é a única capaz de demonstrar isso de forma real, a arte é a única que pode filosofar de forma correta sem nenhum idioma, tirando assim a exclusividade ou privilégio do grego e do alemão,por serem as línguas que têm os termos sui generis para tal, mostrando que a filosofia não se inicia pela língua, só a arte é capaz de atingir uma dimensão metalinguística, por isso mesmo, voltando ao Niezsche, vemos que ele dava um valor muito grande à música, tanto assim que fez amizade com o compositor Wagner, cuja amizade acabou quando Niezsche viu que o compositor não via a música por este ângulo, segundo Schopenhauer, a música é quase divina, a única matéria que existe nela é o som, o qual nos faz sentir coisas indescritíveis que nem o grego e o alemão tem como traduzi-las, portanto Ricardo, pense bem, Benedito via na arte algo acima da natureza, disso não tenho dúvida.

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