segunda-feira, 22 de junho de 2015
MISTÉRIOS NÃO FALTAM
Não sei o porquê, mas desde criança sempre tive uma relação muito forte com os mortos, lembro-me muito bem dos cemitérios de insetos que eu fazia no quintal da minha casa, depois ficava absorto um tempão vendo aquelas cruzinhas que eu colocava sobre cada sepultura, esta cena me dava uma paz muito grande, depois, quando cresci, toda cidade que eu visitava, a primeira vontade era a de ver o cemitério do lugar, muitas das vezes ia sozinho para ficar mais à vontade, lembro-me de uma certa vez que eu cheguei até a gravar um clipe no cemitério de Conceição da Boa Vista, sob a direção do meu irmão, Marco Antônio, mas acabou ficando esquecido numa fita VHS, vou ver se ainda posso recuperá-la, mas, é isso aí, não sei porque estas coisas sempre me atraíram, vire e mexe, estou eu escrevendo um panegírico do morto, talvez seja o meu grande respeito pelos mortos que me leva a agir assim, o negócio é muito forte, tanto na minha via de vigília quanto na onírica, nesta então, eu chego a falar com pessoas que já morreram, isto é constante, da última vez, eu perguntei ao meu falecido pai se o instante em que estávamos conversando era real, ele me respondeu que sim, e agora?, não quero convencer ninguém, até porque sou muito incrédulo, todavia, uma pulga ficou atrás da minha orelha, afinal, não faltam mistérios à nossa frente neste mundo.
anibal werneck de freitas.
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