Eu falo de cadeira, digo isso
porque quando saí do seminário de padres, um beijo por menor que fosse na
namorada se transformava numa tragédia perante o olhar ameaçador de Deus, no
lugar do prazer ficava a sensação de que eu estava pecando, era um inferno, um
colega meu de seminário me confessou a mesma coisa. Só para você ter uma ideia,
certa vez, no seminário, eu confessei com um padre estrangeiro, cruzo e que já
falava português e, quando lhe contei que masturbava, o homem arregalou os
olhos e vociferou, Meu filho, não faça mais isso, sexo é só para procriar,
deste jeito você está matando os que estão para nascer!, Fiquei apavorado, era
ainda um adolescente, saí do confessionário me sentindo um Hitler.
Por isso eu afirmo que a religião
pra mim não fez praticamente nenhum bem, hoje, eu superei muita coisa, mas
ficaram as sequelas, jurei pra mim mesmo, vou criar meus filhos sem religião,
para isso me afastei da Igreja e a minha esposa me ajudou muito porque ela não
era praticante pelo fato de não acreditar em nada. Uma vez perguntei aos meus
filhos como eles se sentiam criados sem religião, a resposta foi rápida e
precisa, Valeu, meu pai, foi melhor assim!, Não querendo justificar o que fiz,
uma coisa sempre notei neles, a alegria de viver sem um Deus vigilante e opressor,
eu tenho comigo o seguinte: fiz o certo.
Anibal Werneck de Freitas.
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